25 anos. É um quarto de século: 25 anos. Muito?... Pouco? Bom, se pensarmos que a vida humana é mais ativa, basicamente, até os 60 anos, podemos olhar no relógio e fazer uma analogia. Mas olhe bem, você também vai notar quanto tempo já passou no relógio ao completar os 25 minutos, e o quanto tempo falta para completar a hora. 25 minutos são quase meia hora, que é metade para passar a hora. Metade para 60. Bom, sem crises. Isso não é a descrição de uma crise de idade, apenas é uma constatação. Mais é uma análise.
O que se deve ter aos 25 que não se tinha aos 15? Com pensamento pessimista a resposta vai ser mais e menos. Mais rugas, mais cabelos brancos; menos tempo para projetar o futuro, menos tempo para se viver.
Pensando sobre o lado positivo desses dez anos a mais/dez anos a menos – sempre o dilema do copo enchido até o meio – diria que há um saldo otimista. Não estou mais bonita, magra, emocionalmente forte e decidida; casada com filhos, nem, ao contrário, independente, motivada, e com as rédeas da vida em minhas mãos. Ambos, sonhos possíveis. Contraditórios, mas possíveis: faces de uma mesma moeda-EU aos 15 anos. Ambos com chance de realização ao longo desses anos, caminhos que se abriam a minha frente em uma encruzilhada. Um à esquerda e outro à direita: coração/razão.
Tentei desesperadamente acertar na escolha do caminho. Fiquei parada um tempo esperando, medindo, pesando conseqüências de cada escolha – perfeccionista que era. Por fim, decidi uma coisa – ir à direita – mas, ao mesmo tempo, não abandonei o outro caminho de vez. Levando uma vida, pensando a outra que eu poderia ter. Nunca estava completamente feliz, o poço estava meio vazio, eu me sentia meio vazia.
No meio da estrada houve oportunidade de voltar à encruzilhada e pegar o outro caminho. Não hesitei e o fiz. Alias, não tenho muita certeza sobre isso. Acho que não tomei essa decisão, exatamente. Acho que a vida empurrou essa oportunidade para mim.
Então comecei a trilhar esse novo caminho – à esquerda. Mas não estava totalmente contente, pois conhecia as flores que o outro caminho colocava ao meu redor e sentia falta do perfume. Queria ter os prazeres que os dois caminhos me ofereciam. Forcei os dois a se tornarem paralelos e comecei a andar com um pé em cada estrada, me dividindo ao meio. O copo transbordou, mesmo estando à metade estava muito cheio. Dividida, não me dediquei o suficiente nem a um nem a outro. Estava exausta e cheia de dor.
De tudo, posso dizer hoje, que as experiências valeram. Conheço até a metade os dois caminhos – flores e espinhos. E aos 25, voltei novamente frente à encruzilhada. Mas agora, tenho certeza de qual caminho trilhar – vou à direita. E essa decisão foi tomada conscientemente, sem forças de fora atuando como pressão. Sem ilusões sonhadas, sem planos pré-planejados. O que me interessa agora é viver, seguir nesse caminho que escolhi.
Talvez eu me modifique ao longo da estrada. Afinal eu sou muitas em uma única. Mas, tenho certeza convicta de que em algum lugar desse caminho surpresas me esperam. Surpresas boas e ruins, quem sabe. Sei que a felicidade me aguarda. Não quero mais persegui-la, mudando meu caminho, quero mais é viver de uma maneira que a minha vida tenha significado, para mim e para os outros ao meu redor, e o que advier disso será lucro. Posso dizer que estou em paz comigo mesma e com o caminho que tomei. Otimismo é a palavra de ordem.
Daqui a 10 anos não sei o que será de mim. Não tenho a mínima idéia. Não tenho mais planos para o futuro. Sei que terei mais experiências para lembrar. Muitas mais – trabalharei para construir isso. Espero apenas que essas experiências sejam muito positivas e engrandecedoras e sejam muito significativas. Bom, essa é a única música que soa bem aos meus ouvidos, aos 25: esperança...
Sei que uns dias os caminhos se cruzarão de novo. Talvez lá na frente meus caminhos voltem a se tornar um só. Basta tranqüilidade para esperar. Foi isso que eu não entendi aos 15 anos e que entendo agora. Aos 15 tinha como meta correr atrás da felicidade e trazê-la para mim, como naquela história sobre a borboleta, tentando agarrá-la.
Aos 25 consegui entender que não preciso perseguir a felicidade, preciso seguir a vida normalmente preparando o terreno para a felicidade. Quando a borboleta estiver familiarizada com a minha presença ela pousará no meu ombro, sem que eu tenha a forçado. O seu pousar será apenas conseqüência de meus passos, de meu entrosamento positivo para com as situações que a vida puser no meu caminho. Ela não pousará no meu ombro pelo meu querer, mas pelo meu merecimento – não se controla a felicidade, age-se modo otimista e espera-se que ela venha até nós.